terça-feira, 14 de janeiro de 2014

MEDO. DE CORA CORALINA.

       Não ha nada de que a criatura humana tenha mais pavor do que de morto.Deve haver realmente e de forma obscura uma força tremenda,invisível e imensurável da parte de quem morreu sobre aquele que anda firme na vida,anulando neste,a a capacidade de resistir a presença,ao contato ou a simples suspeita da aproximação daquele.Dai as inibições físicas e psíquicas,incontrolada,mesmo quando se trata de pessoas queridas que já se foram.
       O pavor domina o vivo obliterando todo o mecanismo do raciocínio e da capacidade de indagação e pesquisa esclarecedora do sobrenatural quando este se apresenta espontaneamente.Falta aos mais destemidos e temerários a coragem a perguntar,de inquerir.Nem os descrentes e corajosos e afoitos se sentem com a coragem de fazer perguntas ou indagar qualquer coisa quando o caso se apresenta.Desse medo,medo obscuro,profundo e selvagem que a criatura não conseguiu disciplinar,surgem os casos trágicos,cômicos e humorísticos acontecidos com alguns mortos aparentes que tornaram a vida e ate,mesmo,a simples aparência,suposição e engano,ligados a ideia da morte.
      Viajava uma jardineira,expresso ou perua,como se diz,de Goiania para Goianápolis.Levava na cobertura,entre malas e trouxas,um caixão vazio de defunto,destinado para uma pessoa falecida naquele distrito.
      Logo adiante na estrada,um homem parado,da sinal e a perua para.
      Dentro,tudo cheio.O homem que precisava de seguir viagem aceitou de viajar na cobertura com os volumes e o caixão vazio.Subiu.O tempo tinha se fechado para chuva e logo começou a pingar grosso.O sujeito em cima achou que não seria nada demais ele entrar dentro do caixão e ali se defender da chuva.Pensou melhor fez.Entrou,espichou bem as pernas,ajeitou a cabeça na almofadinha que ia dentro,puxou a tampa e bem confortado,ouvia a chuva cair.
      Mais adiante,dois outros esperavam condução.
     Deram sinal e a perua parou de novo;os homens subiram a escadinha e se acocoraram no alto.Iam conversando e molhados com a chuva fina e insistente.
     Passado algum tempo o que ia resguardado escutando a conversa ali em cima levantou devagarinho a tampa do caixão e perguntou de dentro,só isto:“Companheiro,sera que a chuva já passou?”.Foi um salto só,que os dois embobados fizeram do coletivo,correndo.
     Um quebrou a perna o outro partiu braços e costelas e ficaram ambos estatelados do susto e sem fala,na estrada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog